história do clube oriental de lisboa

o campo de sonho

Ainda antes da fundação do Clube Oriental de Lisboa já a Azinhaga dos Alfinetes era palco de regulares partidas de futebol. Separados por uma pequena barreira, os campos de jogos do Marvilense e do Fósforos marcavam a zona onde a partir do dia 08 de Agosto de 1946 começou a ganhar forma o primeiro recinto desportivo do C.O.L..

O recém-formado Clube Oriental de Lisboa tinha a ambição de ser uma das maiores forças desportivas nacionais, desejo que só poderia ser consumado com construção de um novo campo. O amplo terreno onde Marvilense e Fósforos disputavam lado a lado os seus encontros caseiros foi requalificado e no espaço correspondente ao Marvilense nasceu em 1949 o primeiro Campo do Oriental, batizado com o título de Eng.º Carlos Salema em homenagem ao homónimo diretor da Fábrica dos Fósforos e grande obreiro do seu planeamento.

O recém-inaugurado recinto do C.O.L. manteve-se inalterado até ao dia 27 de Novembro de 1950, data em que uma vistoria da Federação Portuguesa de Futebol ditou que o Eng.º Carlos Salema não possuía as dimensões mínimas exigidas para a 1ª Divisão. Perante tal imposição, o Presidente Penetra Rodrigues convocou uma reunião magna dos associados orientalistas para o dia 08 de Dezembro, tendo esse encontro terminado com a certeza pública de que as todas as alterações estariam concluídas a tempo da receção caseira à Académica agendada para o dia 17 do mesmo mês.

Disposição inicial dos campos

Graças ao empenho de dirigentes e sócios orientalistas, o alargamento foi consumado em tempo recorde e o resultado da partida correspondeu às expectativas das gentes locais com uma vitória da equipa da casa por 3-1. Em virtude das inesperadas circunstâncias, o propósito inicial da assembleia geral decorrida a 08 de Dezembro acabou por ser relegado para segundo plano: a apresentação da maquete do novo Estádio Madre de Deus, eterno sonho do Clube Oriental de Lisboa.

Projeto da autoria do Eng.º Travassos Valdez, o Estádio da Madre de Deus englobava um campo relvado com capacidade para 33 mil pessoas, recintos para a prática das modalidades e ainda uma piscina. Entre avanços e recuos sucessivos, a ideia da edificação do novo estádio acabou por sofrer intermináveis adiamentos mas depois de na temporada de 1950/1951 ter alcançado um histórico 5º lugar na I Divisão Nacional, o futebol do Oriental vivia a sua época de ouro e o Campo Eng.º Carlos Salema carecia de transformações tão grandiosas quanto o crescimento que o Clube registava.

Face à impossibilidade de construir de raiz o tão desejado estádio, a solução de recurso acabou por ser remodelar o já velhinho Campo Eng.º Carlos Salema através de uma rotação da orientação do campo na ordem dos 90º, acompanhada pela construção de uma ambiciosa e confortável bancada de última geração. A decisão foi tomada no Verão de 1953 por altura da confirmação do regresso do Oriental ao principal escalão do futebol português e cerca de dois meses mais tarde as obras estavam concluídas. Em jogo a contar para a primeira jornada da segunda volta do Campeonato, o Oriental recebeu no dia 24 de Janeiro de 1954 na sua remodelada casa o líder Belenenses com uma vitória por 3-0, mas mais importante que o resultado foi a ostentação pública do novo orgulho orientalista: uma imponente bancada coberta por uma enorme pala e com camarotes ao nível do melhor que então existia em Portugal, naquela que foi a concretização parcial de um sonho antigo.

Apesar do novo Campo Eng.º Carlos Salema ser visto como uma solução provisória, o investimento efetuado em tal reestruturação fez esquecer a cada vez mais utópica ideia do Estádio da Madre de Deus. Mas o destino reservava um desfecho trágico para aquela que era a “menina dos olhos” da massa associativa grená e a 22 de Fevereiro de 1977, dia seguinte à realização do encontro frente ao Paços de Ferreira para a Taça de Portugal, toda a bancada ruiu inesperadamente. Pensa-se que a razão da derrocada residiu num poço de água soterrado por altura das obras de construção da bancada, responsável por anos de infiltrações que acabaram por fazer um dos pilares de suporte ceder.

O deceção foi grande mas o Clube Oriental de Lisboa por mais uma ocasião se conseguiu reerguer das cinzas e voltar a dar uma nova vida ao Campo Eng.º Carlos Salema. Com o passar dos anos o ambicionado projeto do Estádio da Madre de Deus tornou-se inviável e só no dia 08 de Setembro de 1991 o Campo Eng.º Carlos Salema ganhou a aparência que possui nos dias de hoje. A data marcou a inauguração do novíssimo relvado, num jogo disputado contra o FC Porto que terminou com uma vitória dos azuis e brancos por 3-0 e que marcou o início de uma nova era no futebol do emblema grená.

Aspeto do renovado Campo Eng.º Carlos Salema
O Campo Eng.º Carlos Salema depois do desastre

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